Futebol Feminino em Mocambique ...

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Futebol Feminino em Moçambique

Este blog tem como objectivo divulgar informação de carácter desportivo

Futebol Feminino em Moçambique

Este blog tem como objectivo divulgar informação de carácter desportivo

JÁ LEVEI PORRADA POR JOGAR FUTEBOL – afirma Sara Simone (Sarita)

 

O INÍCIO de carreira de Sarita, jogadora do Costa do Sol, não esteve longe de ser um conto de fadas. A jogadora conta que chegou a apanhar umas “palmadas” dos pais que não queriam que ela jogasse futebol.

 

No início foi muito difícil para os meus pais aceitarem que eu jogasse futebol. Cheguei a levar porrada por causa da minha escolha, mas com o tempo eles e os outros familiares foram-se habituando a esta realidade”, conta Sarita.

 

A atleta, de 31 anos, acrescenta que nos dias de hoje a família acompanha-a de perto.

 

Hoje em dia toda a minha família vai ver os meus jogos. Apoiam-me, acompanham-me e aconselham-me. Com muita persistência consegui superar os momentos mais difíceis e devo dizer que não me arrependo. Quando olho para o meu percurso até aqui vejo que a minha escolha foi acertada. Ganhei títulos nacionais, da cidade de Maputo e ainda tive o privilégio de jogar fora do país. Na África do Sul representei a equipa do Luso África e ainda joguei no 1.° de Dezembro em Portugal. Foram duas experiências muito boas”, afirmou.

 

A “estrela canarinha” começou a dar os primeiros pontapés na bola na formação do bairro 25 de Junho, aos oito anos. Ela é de opinião que o preconceito existente numa menina jogar futebol será quebrado de forma gradual.

 

Nota-se que aos poucos as barreiras se vão quebrando. Quando iniciei em 1997 era tudo muito novo. Era um escândalo ver uma menina jogar futebol, mas vê-se cada vez mais praticantes e já não é algo do outro mundo. As pessoas começam a perceber que o futebol não é só para os homens, motivo pelo qual já se nota um maior investimento da parte dos clubes e do próprio Governo”, explicou.

 

Sarita acrescenta que é importante incentivar as mulheres a jogarem futebol ou até a praticarem uma outra modalidade.

 

Enquanto te ocupas com o desporto, falo do futebol em particular, minimizas o risco de te sujeitares a uma gravidez prematura, ficas menos propensa ao álcool e às drogas, além de que exercitando o teu corpo preservas a tua saúde. Incentivo a todas as meninas a jogarem futebol, pois não estarão a fazer mal nenhum, estarão sim a contribuir para o desenvolvimento do desporto no país”, frisou.

 

Questionada sobre o que deve ser feito para acabar com o “obstáculo”, a atleta respondeu que “Eu tenho o meu exemplo de persistência como o segredo para se lutar contra este preconceito. Não há melhor forma de combater do que jogar e não dar ouvidos aos que dizem que o futebol não é para as mulheres”, anotou.

 

Fora das quatro linhas, Sarita diz levar uma vida normal, igual a de toda mulher.

 

Não vivo de futebol, trabalho na Fundação de Lurdes Mutola e é de lá onde tiro o meu sustento. Faço trabalhos domésticos como cozinhar, fazer limpeza, coisas normais do dia-a-dia”, frisou.

 

Em relação aos títulos conquistados, o último dos quais pelo Costa do Sol, disse ser motivante. “Estou satisfeita por ter conquistado muitos títulos. Os nossos adversários foram dignos vencidos. Ao contrário do que muitos pensam, temos que trabalhar no duro para vencer jogos”, rematou.  

 

 

Fonte:Jornal Noticias